quinta-feira, 6 de junho de 2013

PARASITOSES COMUNS EM ESCOLARES

Os parasitos são organismos que dependem de outros seres vivos, tornando estes, hospedeiros involuntários. Esses organismos prejudicam o indivíduo infectado, podendo causar doenças de quadro clínico assintomático ou mais grave, tendo como consequência final a morte. Neste contexto, podem surgir ações obstrutivas, destrutivas, alérgicas e tóxicas. (CIMERMAN; CIMERMAN, 2010; REY, 2010).  

Crianças e adolescentes de idade escolar (escolares) são as mais acometidas por doenças parasitárias, principalmente devido à imunidade corporal em desenvolvimento e hábitos de alimentação e higiene inadequados. Além desses fatores, também a precariedade dos serviços de saneamento básico, a densidade da população humana e as diferentes formas de disseminação dos parasitos (chuva, vento, contaminação do solo, alimentos e água) contribuem com a proliferação dessas doenças. (ANDRADE et al., 2010; KOVALICZN, 2009; NEVES, 2009). De modo geral existem duas formas de parasitismo: a Endoparasitose (parasitismo ocorre no interior do corpo do hospedeiro) e a Ectoparasitose (parasitismo ocorre na superfície do corpo). 

Este blog tem como objetivos: auxiliar na formação docente dos acadêmicos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) por intermédio da socialização de conhecimentos sobre as doenças parasitárias, especialmente aquelas comuns em crianças e adolescentes em idade escolar (escolares), elucidar mitos e articular o processo ensino-aprendizagem nos ambientes escolares e também fora deles.
 




terça-feira, 4 de junho de 2013

DERMATITE SERPIGINOSA


Larva migrans cutânea (LMC) é também conhecida por dermatite serpiginosa ou bicho geográfico, e tem distribuição cosmopolita, mas com prevalência em regiões tropicais. Caracteriza-se pelo fato de que as larvas parasitam hospedeiros não ideais para seu desenvolvimento, e por isso, realizam migração entre a epiderme e a derme do infectado, sem completar seu ciclo biológico.

Já foram encontradas várias espécies diferentes de helmintos causando esta moléstia, mas larvas infectantes de Ancylostoma braziliense (Gomes, 1910) e Ancylostoma caninum (Dubini, 1843), parasitas intestinais de cães e gatos, são os principais agentes etiológicos. As crianças são as mais infectadas por esta parasitose, pois acabam brincando em caixas de areia, de casas e parques, que podem estar contaminados com larvas infectantes e até mesmo onde vivem os animais domésticos e nas praias.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

As principais espécies causadoras da larva migrans cutânea são larvas de helmintos nematoides, em seu estágio infectante L3. Os vermes parasitam o intestino delgado de cães e gatos, os quais são invadidos pelos vermes através da pele ou via oral. Apresentam corpo fusiforme, alongado e não segmentado. A fêmea do helminto faz a postura de milhares de ovos, que são eliminados diariamente pelas fezes de cães e gatos infectados. Os ovos desses helmintos possuem membrana interna com natureza lipídica, uma membrana que contém quitina e outra mais externa, produzida pela secreção da parede uterina da fêmea, com material proteico. (REY, 2010).
TRANSMISSÃO

A infecção por larva migrans cutânea ocorre onde há criação de cães e gatos, mas somente se estes estiverem infectados com ancilostomídeos. A larva infectante L3, à procura de um hospedeiro, penetra na pele do ser humano ao acaso, e sem conseguir atravessar camadas mais internas da pele, não completa seu ciclo biológico. A contaminação pode ocorrer ainda por ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo larvas L3.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

O ciclo biológico compreende as fases: ovo, larva e fase adulta. Os ovos dos parasitos ancilostomídeos de cães e gatos e com larvas em seu interior, ao encontrarem ambiente com condições favoráveis de temperatura e umidade, eclodem. O desenvolvimento da larva L1 ocorre no solo, alimentando-se de matéria orgânica e micro-organismos. Em 7 dias, L1 sofre duas mudas e transforma-se na fase infectante, a L3, que pode sobreviver no solo por até um mês. Daí em diante pode infectar cães e gatos, onde irão completar seu ciclo sofrendo novas mudas, chegando ao intestino delgado, e em quatro semanas atingem a maturidade sexual. (NEVES, 2009).

Na pele humana, o ciclo biológico não ocorre. A larva infectante, L3 perfura o epitélio, mas não consegue atravessar as camadas subjacentes. Então, migram ao acaso, por um período que varia de semanas a meses, formando o aspecto de um “mapa geográfico”, e então acabam morrendo.  (NEVES, 2009).


SINTOMAS E PATOGENIA        
        
A penetração de larvas infectantes na pele pode ser assintomática. Mas na maioria dos casos, surgem pontos eritematosos e prurido local. A partir desses pontos, observam-se túneis com trajeto irregular, avançando de 2 a 5 centímetros por dia. Isso causa destruição da pele, e um processo inflamatório com infiltrado de células eosinófilas. Com o passar dos dias, os túneis mais antigos vão desinflamando, ficando em seu lugar faixas que tendem a desaparecer com o tempo. (REY, 2010).

Podem ocorrer infecções microbianas locais e escoriações na pele, pois o prurido leva o hospedeiro a coçar o local. As regiões do corpo mais afetadas são aquelas que entram em contato com o solo infectado, ou seja, pernas, pés e mãos. Pode ocorre alergia, e ainda reinfecção agravada por eosinofilia devido à ação antigênica de larvas.  (NEVES, 2009).
MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)
  
As medidas preventivas para esta parasitose envolvem cuidados com animais domésticos, cães e gatos principalmente, realizando exame de fezes e tratando-os com anti-helmínticos específicos. Os donos de animais devem ter conscientização para cuidar da saúde desses animais, e não deixá-los locais públicos, principalmente praças, praias e demais solos arenosos, onde cães e gatos defecam, podendo depositar ovos de bicho geográfico. Neste contexto, destaca-se também o problema de ordem social, para animais abandonados, sendo necessária maior responsabilidade por parte das autoridades.
        
   

REFERÊNCIAS


NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.