DERMATITE SERPIGINOSA
Larva migrans
cutânea (LMC) é também conhecida por dermatite serpiginosa ou bicho geográfico,
e tem distribuição cosmopolita, mas com prevalência em regiões tropicais.
Caracteriza-se pelo fato de que as larvas parasitam hospedeiros não ideais para
seu desenvolvimento, e por isso, realizam migração entre a epiderme e a derme
do infectado, sem completar seu ciclo biológico.
Já foram encontradas várias espécies diferentes de helmintos causando esta moléstia, mas larvas infectantes de Ancylostoma braziliense (Gomes, 1910) e Ancylostoma caninum (Dubini, 1843), parasitas intestinais de cães e gatos, são os principais agentes etiológicos. As crianças são as mais infectadas por esta parasitose, pois acabam brincando em caixas de areia, de casas e parques, que podem estar contaminados com larvas infectantes e até mesmo onde vivem os animais domésticos e nas praias.
ASPECTOS
MORFOLÓGICOS
As principais espécies causadoras da larva migrans cutânea são larvas de helmintos nematoides, em seu estágio infectante L3. Os vermes parasitam o intestino delgado de cães e gatos, os quais são invadidos pelos vermes através da pele ou via oral. Apresentam corpo fusiforme, alongado e não segmentado. A fêmea do helminto faz a postura de milhares de ovos, que são eliminados diariamente pelas fezes de cães e gatos infectados. Os ovos desses helmintos possuem membrana interna com natureza lipídica, uma membrana que contém quitina e outra mais externa, produzida pela secreção da parede uterina da fêmea, com material proteico. (REY, 2010).
Aspectos morfológicos de A. caninum. Fonte: http://vetpda.ucdavis.edu/parasitolog/Images/labeled_640/Ancylostoma_caninum_01.jpg |
TRANSMISSÃO
A infecção por larva migrans
cutânea ocorre onde há criação de cães e gatos, mas somente se estes
estiverem infectados com ancilostomídeos. A larva infectante L3, à procura de
um hospedeiro, penetra na pele do ser humano ao acaso, e sem conseguir
atravessar camadas mais internas da pele, não completa seu ciclo biológico. A
contaminação pode ocorrer ainda por ingestão de água ou alimentos contaminados
com ovos contendo larvas L3.
CICLO
BIOLÓGICO E HABITAT
O ciclo biológico compreende as fases: ovo, larva e fase
adulta. Os ovos dos parasitos ancilostomídeos de cães e gatos e com larvas em
seu interior, ao encontrarem ambiente com condições favoráveis de temperatura e
umidade, eclodem. O desenvolvimento da larva L1 ocorre no solo, alimentando-se
de matéria orgânica e micro-organismos. Em 7 dias, L1 sofre duas mudas e
transforma-se na fase infectante, a L3, que pode sobreviver no solo por até um
mês. Daí em diante pode infectar cães e gatos, onde irão completar seu ciclo
sofrendo novas mudas, chegando ao intestino delgado, e em quatro semanas
atingem a maturidade sexual. (NEVES, 2009).
Na pele humana, o ciclo biológico não ocorre. A larva
infectante, L3 perfura o epitélio, mas não consegue atravessar as camadas
subjacentes. Então, migram ao acaso, por um período que varia de semanas a
meses, formando o aspecto de um “mapa geográfico”, e então acabam morrendo. (NEVES, 2009).
SINTOMAS E PATOGENIA
A penetração de larvas infectantes na pele pode ser
assintomática. Mas na maioria dos casos, surgem pontos eritematosos e prurido
local. A partir desses pontos, observam-se túneis com trajeto irregular,
avançando de 2 a
5 centímetros
por dia. Isso causa destruição da pele, e um processo inflamatório com
infiltrado de células eosinófilas. Com o passar dos dias, os túneis mais
antigos vão desinflamando, ficando em seu lugar faixas que tendem a desaparecer
com o tempo. (REY, 2010).
Podem ocorrer infecções microbianas locais e escoriações
na pele, pois o prurido leva o hospedeiro a coçar o local. As regiões do corpo
mais afetadas são aquelas que entram em contato com o solo infectado, ou seja,
pernas, pés e mãos. Pode ocorre alergia, e ainda reinfecção agravada por
eosinofilia devido à ação antigênica de larvas. (NEVES, 2009).
Dermatite serpiginosa. Fonte: http://www.olharvital.ufrj.br/2006/imagens/edicoes/102/boacausa.jpg |
Dermatite serpiginosa. Fonte:http://ruby.fgcu.edu/courses/davidb/50249/web/clm1.jpg |
Dermatite serpiginosa. Fonte: http://www.dermatologia.net/novo/base/fotos/larva_migrans2.jpg |
Dermatite serpiginosa. Fonte: http://dermatology-s10.cdlib.org/122/case_presentations/larva/1.jpg |
MEDIDAS
PREVENTIVAS (PROFILAXIA)
As medidas preventivas para esta parasitose envolvem cuidados com animais domésticos, cães e gatos principalmente, realizando exame de fezes e tratando-os com anti-helmínticos específicos. Os donos de animais devem ter conscientização para cuidar da saúde desses animais, e não deixá-los locais públicos, principalmente praças, praias e demais solos arenosos, onde cães e gatos defecam, podendo depositar ovos de bicho geográfico. Neste contexto, destaca-se também o problema de ordem social, para animais abandonados, sendo necessária maior responsabilidade por parte das autoridades.
REFERÊNCIAS
NEVES, D. P. Parasitologia
Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio
de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.
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