terça-feira, 4 de junho de 2013

DERMATITE SERPIGINOSA


Larva migrans cutânea (LMC) é também conhecida por dermatite serpiginosa ou bicho geográfico, e tem distribuição cosmopolita, mas com prevalência em regiões tropicais. Caracteriza-se pelo fato de que as larvas parasitam hospedeiros não ideais para seu desenvolvimento, e por isso, realizam migração entre a epiderme e a derme do infectado, sem completar seu ciclo biológico.

Já foram encontradas várias espécies diferentes de helmintos causando esta moléstia, mas larvas infectantes de Ancylostoma braziliense (Gomes, 1910) e Ancylostoma caninum (Dubini, 1843), parasitas intestinais de cães e gatos, são os principais agentes etiológicos. As crianças são as mais infectadas por esta parasitose, pois acabam brincando em caixas de areia, de casas e parques, que podem estar contaminados com larvas infectantes e até mesmo onde vivem os animais domésticos e nas praias.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

As principais espécies causadoras da larva migrans cutânea são larvas de helmintos nematoides, em seu estágio infectante L3. Os vermes parasitam o intestino delgado de cães e gatos, os quais são invadidos pelos vermes através da pele ou via oral. Apresentam corpo fusiforme, alongado e não segmentado. A fêmea do helminto faz a postura de milhares de ovos, que são eliminados diariamente pelas fezes de cães e gatos infectados. Os ovos desses helmintos possuem membrana interna com natureza lipídica, uma membrana que contém quitina e outra mais externa, produzida pela secreção da parede uterina da fêmea, com material proteico. (REY, 2010).
TRANSMISSÃO

A infecção por larva migrans cutânea ocorre onde há criação de cães e gatos, mas somente se estes estiverem infectados com ancilostomídeos. A larva infectante L3, à procura de um hospedeiro, penetra na pele do ser humano ao acaso, e sem conseguir atravessar camadas mais internas da pele, não completa seu ciclo biológico. A contaminação pode ocorrer ainda por ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo larvas L3.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

O ciclo biológico compreende as fases: ovo, larva e fase adulta. Os ovos dos parasitos ancilostomídeos de cães e gatos e com larvas em seu interior, ao encontrarem ambiente com condições favoráveis de temperatura e umidade, eclodem. O desenvolvimento da larva L1 ocorre no solo, alimentando-se de matéria orgânica e micro-organismos. Em 7 dias, L1 sofre duas mudas e transforma-se na fase infectante, a L3, que pode sobreviver no solo por até um mês. Daí em diante pode infectar cães e gatos, onde irão completar seu ciclo sofrendo novas mudas, chegando ao intestino delgado, e em quatro semanas atingem a maturidade sexual. (NEVES, 2009).

Na pele humana, o ciclo biológico não ocorre. A larva infectante, L3 perfura o epitélio, mas não consegue atravessar as camadas subjacentes. Então, migram ao acaso, por um período que varia de semanas a meses, formando o aspecto de um “mapa geográfico”, e então acabam morrendo.  (NEVES, 2009).


SINTOMAS E PATOGENIA        
        
A penetração de larvas infectantes na pele pode ser assintomática. Mas na maioria dos casos, surgem pontos eritematosos e prurido local. A partir desses pontos, observam-se túneis com trajeto irregular, avançando de 2 a 5 centímetros por dia. Isso causa destruição da pele, e um processo inflamatório com infiltrado de células eosinófilas. Com o passar dos dias, os túneis mais antigos vão desinflamando, ficando em seu lugar faixas que tendem a desaparecer com o tempo. (REY, 2010).

Podem ocorrer infecções microbianas locais e escoriações na pele, pois o prurido leva o hospedeiro a coçar o local. As regiões do corpo mais afetadas são aquelas que entram em contato com o solo infectado, ou seja, pernas, pés e mãos. Pode ocorre alergia, e ainda reinfecção agravada por eosinofilia devido à ação antigênica de larvas.  (NEVES, 2009).
MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)
  
As medidas preventivas para esta parasitose envolvem cuidados com animais domésticos, cães e gatos principalmente, realizando exame de fezes e tratando-os com anti-helmínticos específicos. Os donos de animais devem ter conscientização para cuidar da saúde desses animais, e não deixá-los locais públicos, principalmente praças, praias e demais solos arenosos, onde cães e gatos defecam, podendo depositar ovos de bicho geográfico. Neste contexto, destaca-se também o problema de ordem social, para animais abandonados, sendo necessária maior responsabilidade por parte das autoridades.
        
   

REFERÊNCIAS


NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.


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