domingo, 26 de maio de 2013

DERMATITE

Os carrapatos são aracnídeos da ordem Acari, podendo causar dermatite, além de transmitir diversos patógenos, como protozoários, bactérias, vírus e filarias. É importante destacar que os carrapatos são os principais artrópodes vetores de doenças em humanos. A dermatite ocorre por ação da espécie Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787), também denominado carrapato estrela, e suas formas jovens denominadas micuins ou larvas hexápodas. Quanto às espécies de importância parasitológica em humanos destacam-se:


Família Argasidae: carrapatos com as peças bucais posicionadas ventralmente. Ornithodorus braziliensis (Aragão, 1923) é um dos gêneros que atacam humanos, assim como O. turicata (Dugès, 1876) que vive entre os morcegos mas que também acomete humanos, causando prurido e feridas de difícil cicatrização. 

Família Ixodidae: são os carrapatos verdadeiros, sendo as espécies prevalentes em humanos: Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806), Boophilus microplus (Cannestrini, 1887) também denominado carrapato de boi e Amblyomma cajennense, conhecido como carrapato estrela. (NEVES, 2009).


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

Os carrapatos alimentam-se de sangue de vertebrados. Quando estão pouco alimentados ou em jejum, apresentam o corpo achatado dorsoventralmente. O contorno do corpo é oval ou elíptico, com superfície dorsal um pouco convexa. Os segmentos do corpo, fundidos em um único idiossomo (corpo), apresenta quelíceras e um conjunto de peças bucais quitinizadas, chamado “capítulo”. No dorso há um escudo quitinoso, sendo que no macho este escudo recobre todo o dorso, enquanto que na fêmea, é menor e recobre metade do dorso ou até menos. (REY, 2010).

Os olhos dos carrapatos são simples, e quando presentes, ficam situados nas margens do escudo ou na borda do corpo, bem separados um do outro. Ventralmente apresenta uma abertura genital e outra anal, além de escudos quitinosos, placas espiraculares e sulcos. Nos adultos, há quatro pares de pernas, e em cada uma delas inserem-se duas garras e na base, há uma expansão denominada “púlvilo”.

Os carrapatos alimentam-se de sangue e líquido intersticial. Ocorre perda de água através de glândulas coxais em Argasídeos e através de glândulas salivares, em Ixodídeos. Quanto à reprodução, os carrapatos apresentam sexos separados. Macho e fêmea copulam justapondo as suas superfícies ventrais. Com órgão copulador ausente, o macho emprega seu hipostômio e quelíceras para dilatar o orifício genital da fêmea, e então os espermatozoides penetram. Entre 5 a 10 dias, milhares de ovos são produzidos. Pode ocorrer partenogênese. (REY, 2010).



TRANSMISSÃO

A transmissão ocorre quando, pela passagem do hospedeiro, a larva hexápoda agarra na pele e inicia hematofagia.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

Após a cópula, a fêmea de carrapato, que irá morrer após ovipor, se destaca do hospedeiro, e vai em busca de um ambiente adequado, no solo. A oviposição inicia-se pouco tempo depois, e dura de 5 a 10 dias. Produz milhares de ovos, de coloração castanha, tamanho pequeno e de formato esférico. Dependendo das condições climáticas e de temperatura, a eclosão dos ovos demora até 60 dias, surgindo larvas com três pares de pernas cada uma (hexápodas). Essas larvas escalam paredes, arbustos ou gramíneas, e aguardam pela passagem do futuro hospedeiro, e conseguindo este feito, começam a alimentar-se, sugando sangue. Continuam se alimentando e crescendo, sofrendo muda e transformando-se em ninfa. Neste estágio, adquirem mais um par de pernas (octópoda), mas sem desenvolvimento ainda para cópula. Caem no solo novamente para sofrerem mais uma muda e se transformarem em carrapatos adultos, os quais irão em busca de um hospedeiro final e ali se reproduzirem, refazendo o ciclo. (NEVES, 2009).



SINTOMAS E PATOGENIA

As famílias Ixodidae e Argasidae apresentam diversos gêneros causadores de parasitoses. Destacando as afecções humanas, podemos considerar da família Argasidae o gênero Ornithodoros, conhecido como “carrapato do chão”, que vive na terra de ranchos e casas primitivas, chiqueiros e outros lugares ocupados por animais domésticos. Ao picar causa uma dor aguda, podendo levar a graves lesões locais.

Da família Ixodidae, a espécie conhecida como “carrapato de cavalo” e “carrapato estrela” parasita animais domésticos e silvestres, e tem ampla frequência nos humanos, especialmente os que vivem nos campos e cerrados. É o principal transmissor da febre maculosa, cujo agente etiológico é a rickettsiose. É caracterizada por um início súbito com febre moderada ou alta, durando de duas a três semanas. Pode ocorrer cefaleia, mal-estar, dores musculares, delírio, insuficiência renal, anóxia e necrose de tecidos. A espécie Rhipicephalus sanguineus parasita principalmente cães, mas também outros mamíferos, inclusive o homem. (REY, 2010).

Eritema crônico migratório – doença de Lyme: é uma doença inflamatória transmitida por carrapatos Ixodes, que ao picar o hospedeiro, transmitem a bactéria causadora da doença. O período de incubação varia de 3 dias há um mês. Inicia-se com o surgimento de uma lesão cutânea, denominada eritema crônico migratório, acompanhada de febre, fadiga, cefaleia, rigidez de nuca, entre outros. Existem fases assintomáticas. Após algumas semanas, surgem alterações neurológicas, como meningite e encefalite, além de alterações cardíacas, dor nas articulações e artrites crônicas, com o passar dos anos. (REY, 2010).



MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

Combater os carrapatos, e no caso de exposição a estes, é necessária uma proteção com inseticidas de ação residual; tratar os animais parasitados, como rebanho de gados e animais domésticos, através da catação manual, para reduzir a proliferação e possível contaminação do ambiente por carrapatos; em contato com áreas de risco e de incidência de carrapatos, utilizar proteção individual, que inclui: botas, luvas, blusas de mangas compridas e repelentes. (REY, 2010).




REFERÊNCIAS

NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.




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