quinta-feira, 6 de junho de 2013

PARASITOSES COMUNS EM ESCOLARES

Os parasitos são organismos que dependem de outros seres vivos, tornando estes, hospedeiros involuntários. Esses organismos prejudicam o indivíduo infectado, podendo causar doenças de quadro clínico assintomático ou mais grave, tendo como consequência final a morte. Neste contexto, podem surgir ações obstrutivas, destrutivas, alérgicas e tóxicas. (CIMERMAN; CIMERMAN, 2010; REY, 2010).  

Crianças e adolescentes de idade escolar (escolares) são as mais acometidas por doenças parasitárias, principalmente devido à imunidade corporal em desenvolvimento e hábitos de alimentação e higiene inadequados. Além desses fatores, também a precariedade dos serviços de saneamento básico, a densidade da população humana e as diferentes formas de disseminação dos parasitos (chuva, vento, contaminação do solo, alimentos e água) contribuem com a proliferação dessas doenças. (ANDRADE et al., 2010; KOVALICZN, 2009; NEVES, 2009). De modo geral existem duas formas de parasitismo: a Endoparasitose (parasitismo ocorre no interior do corpo do hospedeiro) e a Ectoparasitose (parasitismo ocorre na superfície do corpo). 

Este blog tem como objetivos: auxiliar na formação docente dos acadêmicos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) por intermédio da socialização de conhecimentos sobre as doenças parasitárias, especialmente aquelas comuns em crianças e adolescentes em idade escolar (escolares), elucidar mitos e articular o processo ensino-aprendizagem nos ambientes escolares e também fora deles.
 




terça-feira, 4 de junho de 2013

DERMATITE SERPIGINOSA


Larva migrans cutânea (LMC) é também conhecida por dermatite serpiginosa ou bicho geográfico, e tem distribuição cosmopolita, mas com prevalência em regiões tropicais. Caracteriza-se pelo fato de que as larvas parasitam hospedeiros não ideais para seu desenvolvimento, e por isso, realizam migração entre a epiderme e a derme do infectado, sem completar seu ciclo biológico.

Já foram encontradas várias espécies diferentes de helmintos causando esta moléstia, mas larvas infectantes de Ancylostoma braziliense (Gomes, 1910) e Ancylostoma caninum (Dubini, 1843), parasitas intestinais de cães e gatos, são os principais agentes etiológicos. As crianças são as mais infectadas por esta parasitose, pois acabam brincando em caixas de areia, de casas e parques, que podem estar contaminados com larvas infectantes e até mesmo onde vivem os animais domésticos e nas praias.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

As principais espécies causadoras da larva migrans cutânea são larvas de helmintos nematoides, em seu estágio infectante L3. Os vermes parasitam o intestino delgado de cães e gatos, os quais são invadidos pelos vermes através da pele ou via oral. Apresentam corpo fusiforme, alongado e não segmentado. A fêmea do helminto faz a postura de milhares de ovos, que são eliminados diariamente pelas fezes de cães e gatos infectados. Os ovos desses helmintos possuem membrana interna com natureza lipídica, uma membrana que contém quitina e outra mais externa, produzida pela secreção da parede uterina da fêmea, com material proteico. (REY, 2010).
TRANSMISSÃO

A infecção por larva migrans cutânea ocorre onde há criação de cães e gatos, mas somente se estes estiverem infectados com ancilostomídeos. A larva infectante L3, à procura de um hospedeiro, penetra na pele do ser humano ao acaso, e sem conseguir atravessar camadas mais internas da pele, não completa seu ciclo biológico. A contaminação pode ocorrer ainda por ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo larvas L3.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

O ciclo biológico compreende as fases: ovo, larva e fase adulta. Os ovos dos parasitos ancilostomídeos de cães e gatos e com larvas em seu interior, ao encontrarem ambiente com condições favoráveis de temperatura e umidade, eclodem. O desenvolvimento da larva L1 ocorre no solo, alimentando-se de matéria orgânica e micro-organismos. Em 7 dias, L1 sofre duas mudas e transforma-se na fase infectante, a L3, que pode sobreviver no solo por até um mês. Daí em diante pode infectar cães e gatos, onde irão completar seu ciclo sofrendo novas mudas, chegando ao intestino delgado, e em quatro semanas atingem a maturidade sexual. (NEVES, 2009).

Na pele humana, o ciclo biológico não ocorre. A larva infectante, L3 perfura o epitélio, mas não consegue atravessar as camadas subjacentes. Então, migram ao acaso, por um período que varia de semanas a meses, formando o aspecto de um “mapa geográfico”, e então acabam morrendo.  (NEVES, 2009).


SINTOMAS E PATOGENIA        
        
A penetração de larvas infectantes na pele pode ser assintomática. Mas na maioria dos casos, surgem pontos eritematosos e prurido local. A partir desses pontos, observam-se túneis com trajeto irregular, avançando de 2 a 5 centímetros por dia. Isso causa destruição da pele, e um processo inflamatório com infiltrado de células eosinófilas. Com o passar dos dias, os túneis mais antigos vão desinflamando, ficando em seu lugar faixas que tendem a desaparecer com o tempo. (REY, 2010).

Podem ocorrer infecções microbianas locais e escoriações na pele, pois o prurido leva o hospedeiro a coçar o local. As regiões do corpo mais afetadas são aquelas que entram em contato com o solo infectado, ou seja, pernas, pés e mãos. Pode ocorre alergia, e ainda reinfecção agravada por eosinofilia devido à ação antigênica de larvas.  (NEVES, 2009).
MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)
  
As medidas preventivas para esta parasitose envolvem cuidados com animais domésticos, cães e gatos principalmente, realizando exame de fezes e tratando-os com anti-helmínticos específicos. Os donos de animais devem ter conscientização para cuidar da saúde desses animais, e não deixá-los locais públicos, principalmente praças, praias e demais solos arenosos, onde cães e gatos defecam, podendo depositar ovos de bicho geográfico. Neste contexto, destaca-se também o problema de ordem social, para animais abandonados, sendo necessária maior responsabilidade por parte das autoridades.
        
   

REFERÊNCIAS


NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.


domingo, 26 de maio de 2013

DERMATITE

Os carrapatos são aracnídeos da ordem Acari, podendo causar dermatite, além de transmitir diversos patógenos, como protozoários, bactérias, vírus e filarias. É importante destacar que os carrapatos são os principais artrópodes vetores de doenças em humanos. A dermatite ocorre por ação da espécie Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787), também denominado carrapato estrela, e suas formas jovens denominadas micuins ou larvas hexápodas. Quanto às espécies de importância parasitológica em humanos destacam-se:


Família Argasidae: carrapatos com as peças bucais posicionadas ventralmente. Ornithodorus braziliensis (Aragão, 1923) é um dos gêneros que atacam humanos, assim como O. turicata (Dugès, 1876) que vive entre os morcegos mas que também acomete humanos, causando prurido e feridas de difícil cicatrização. 

Família Ixodidae: são os carrapatos verdadeiros, sendo as espécies prevalentes em humanos: Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806), Boophilus microplus (Cannestrini, 1887) também denominado carrapato de boi e Amblyomma cajennense, conhecido como carrapato estrela. (NEVES, 2009).


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

Os carrapatos alimentam-se de sangue de vertebrados. Quando estão pouco alimentados ou em jejum, apresentam o corpo achatado dorsoventralmente. O contorno do corpo é oval ou elíptico, com superfície dorsal um pouco convexa. Os segmentos do corpo, fundidos em um único idiossomo (corpo), apresenta quelíceras e um conjunto de peças bucais quitinizadas, chamado “capítulo”. No dorso há um escudo quitinoso, sendo que no macho este escudo recobre todo o dorso, enquanto que na fêmea, é menor e recobre metade do dorso ou até menos. (REY, 2010).

Os olhos dos carrapatos são simples, e quando presentes, ficam situados nas margens do escudo ou na borda do corpo, bem separados um do outro. Ventralmente apresenta uma abertura genital e outra anal, além de escudos quitinosos, placas espiraculares e sulcos. Nos adultos, há quatro pares de pernas, e em cada uma delas inserem-se duas garras e na base, há uma expansão denominada “púlvilo”.

Os carrapatos alimentam-se de sangue e líquido intersticial. Ocorre perda de água através de glândulas coxais em Argasídeos e através de glândulas salivares, em Ixodídeos. Quanto à reprodução, os carrapatos apresentam sexos separados. Macho e fêmea copulam justapondo as suas superfícies ventrais. Com órgão copulador ausente, o macho emprega seu hipostômio e quelíceras para dilatar o orifício genital da fêmea, e então os espermatozoides penetram. Entre 5 a 10 dias, milhares de ovos são produzidos. Pode ocorrer partenogênese. (REY, 2010).



TRANSMISSÃO

A transmissão ocorre quando, pela passagem do hospedeiro, a larva hexápoda agarra na pele e inicia hematofagia.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

Após a cópula, a fêmea de carrapato, que irá morrer após ovipor, se destaca do hospedeiro, e vai em busca de um ambiente adequado, no solo. A oviposição inicia-se pouco tempo depois, e dura de 5 a 10 dias. Produz milhares de ovos, de coloração castanha, tamanho pequeno e de formato esférico. Dependendo das condições climáticas e de temperatura, a eclosão dos ovos demora até 60 dias, surgindo larvas com três pares de pernas cada uma (hexápodas). Essas larvas escalam paredes, arbustos ou gramíneas, e aguardam pela passagem do futuro hospedeiro, e conseguindo este feito, começam a alimentar-se, sugando sangue. Continuam se alimentando e crescendo, sofrendo muda e transformando-se em ninfa. Neste estágio, adquirem mais um par de pernas (octópoda), mas sem desenvolvimento ainda para cópula. Caem no solo novamente para sofrerem mais uma muda e se transformarem em carrapatos adultos, os quais irão em busca de um hospedeiro final e ali se reproduzirem, refazendo o ciclo. (NEVES, 2009).



SINTOMAS E PATOGENIA

As famílias Ixodidae e Argasidae apresentam diversos gêneros causadores de parasitoses. Destacando as afecções humanas, podemos considerar da família Argasidae o gênero Ornithodoros, conhecido como “carrapato do chão”, que vive na terra de ranchos e casas primitivas, chiqueiros e outros lugares ocupados por animais domésticos. Ao picar causa uma dor aguda, podendo levar a graves lesões locais.

Da família Ixodidae, a espécie conhecida como “carrapato de cavalo” e “carrapato estrela” parasita animais domésticos e silvestres, e tem ampla frequência nos humanos, especialmente os que vivem nos campos e cerrados. É o principal transmissor da febre maculosa, cujo agente etiológico é a rickettsiose. É caracterizada por um início súbito com febre moderada ou alta, durando de duas a três semanas. Pode ocorrer cefaleia, mal-estar, dores musculares, delírio, insuficiência renal, anóxia e necrose de tecidos. A espécie Rhipicephalus sanguineus parasita principalmente cães, mas também outros mamíferos, inclusive o homem. (REY, 2010).

Eritema crônico migratório – doença de Lyme: é uma doença inflamatória transmitida por carrapatos Ixodes, que ao picar o hospedeiro, transmitem a bactéria causadora da doença. O período de incubação varia de 3 dias há um mês. Inicia-se com o surgimento de uma lesão cutânea, denominada eritema crônico migratório, acompanhada de febre, fadiga, cefaleia, rigidez de nuca, entre outros. Existem fases assintomáticas. Após algumas semanas, surgem alterações neurológicas, como meningite e encefalite, além de alterações cardíacas, dor nas articulações e artrites crônicas, com o passar dos anos. (REY, 2010).



MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

Combater os carrapatos, e no caso de exposição a estes, é necessária uma proteção com inseticidas de ação residual; tratar os animais parasitados, como rebanho de gados e animais domésticos, através da catação manual, para reduzir a proliferação e possível contaminação do ambiente por carrapatos; em contato com áreas de risco e de incidência de carrapatos, utilizar proteção individual, que inclui: botas, luvas, blusas de mangas compridas e repelentes. (REY, 2010).




REFERÊNCIAS

NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.




DERMATOBIOSE


A denominação miíase refere-se aos parasitismos causados por larvas de moscas em órgãos e tecidos humanos ou de outros vertebrados. Existem algumas espécies causadoras dessas parasitoses, entre elas, a larva da mosca Dermatobia hominis (Linnaeus, 1718), um inseto exclusivamente neotropical, encontrado em regiões florestais. No Brasil, ocorre em todos os estados, exceto nos de clima seco, como a região nordeste.

A larva da mosca de Dermatobia hominis recebe o nome popular de berne, e causa um parasitismo cutâneo em vários vertebrados, como humanos, cães e bovinos, sendo estes últimos os mais afetados.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

A mosca adulta de Dermatobia hominis, mosca berneira, mede em média 1,2 cm de comprimento, apresenta corpo robusto, com coloração da face amarelada, o tórax castanho com reflexos azulados, abdome azul metálico, pernas alaranjadas e asas grandes e amarronzadas.

Um aspecto interessante desses insetos compreende a fase adulta: eles não se alimentam, e tem sobrevida curta, de 2 a 19 dias. Toda a energia que possuem nesta fase deriva de reservas obtidas durante a fase larvária. (NEVES, 2009).

Os ovos são alongados, com formato de bananas em uma penca, medindo cerca de 0,3 mm de comprimento e de coloração esbranquiçada. Em seis dias, os ovos estão maduros, e em cada um deles em seu interior há uma larva, que possui um opérculo em forma de unha, com o qual o verme tenta agarrar-se ao pelo ou à pele do vertebrado. Esta larva mede aproximadamente um milímetro e meio de comprimento, e, uma vez atingida a pele do hospedeiro, volta seus espiráculos respiratórios para fora, enquanto a boca fica para dentro, alimentando-se ativamente. (NEVES, 2009; REY, 2010). Quando a larva torna-se madura, atinge de 18 a 24 mm, com corpo dilatado na porção anterior e mais delgado posteriormente. 

A extremidade oral possui ganchos bucais, e no corpo há numerosos espinhos, utilizados para fixação nos tecidos do hospedeiro. (REY, 2010).


TRANSMISSÃO

O berne é transmitido por moscas ou mosquitos, geralmente insetos hematófagos, insetos foréticos que servem de transporte dos ovos, os quais possuem as larvas no interior, e foram depositados em seu abdome pela mosca fêmea de Dermatobia hominis. O berne na sua fase minúscula pode penetrar na pele quando este mosquito ataca o vertebrado em busca de alimento.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

O ciclo de vida das moscas compreende as fases: ovo, larva, pupa e fase adulta.

Na desova da mosca Dermatobia hominis, as fêmeas ficam em locais protegidos, à espera de outras moscas ou mosquitos hematófagos, e no momento oportuno, se agarram em pleno voo, depositando de 10 a 15 ovos no abdome deste inseto capturado. No total, entre 400 a 800 ovos são produzidos durante a sobrevida adulta de Dermatobia hominis, que dura de 10 a 19 dias. (NEVES, 2009).

A larva no interior do ovo sobrevive por até 20 dias, tentando agarrar-se nos pelos ou na pele do hospedeiro. Conseguindo este feito, penetra na pele do novo hospedeiro, perfurando o epitélio ou utilizando a lesão ocasionada pela hematofagia do inseto vetor. Com a extremidade anterior mergulhada na derme, a larva alimenta-se ativamente, e sofre duas mudas. Esta fase larvária dura de 1 a 3 meses e então, já maduro, o berne deixa a pele do hospedeiro, transforma-se em pupa e enterra-se no solo, processo que dura de 1 a 3 meses. Após este período, deixa o pupário e cerca de 3 horas depois, os insetos adultos estão ativos para cópula. Três dias após a cópula, a fêmea inicia a oviposição em outros insetos. (NEVES, 2009).


SINTOMAS E PATOGENIA

Pode ocorrer sensação de picada ou prurido, pela penetração da larva na pele. Pela própria reação da resposta imunológica, desenvolve-se nesta região uma inflamação, ficando a pele avermelhada e elevada. Nas paredes da lesão forma-se uma cápsula fibrosa. O berne tem preferência pela região dorsal do hospedeiro. Durante a afecção, pode ocorrer dor aguda, devido à ferroada e movimentos da larva.

Com o estágio larvário completado, o berne tende a sair da pele do hospedeiro, deixando um local exposto para entrada de bactérias e micro-organismos, incluindo bacilos de tétano. Neste local podem se desenvolver furúnculos ou flegmão. (REY, 2010).


MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

Para prevenir a contaminação por moscas de Dermatobia hominis é preciso evitar exposição ao habitat dessas moscas, ou seja, regiões florestais, de capoeiras, pequenas matas e bosques. Uso de repelente também é indicado, evitando a picada de insetos foréticos (que transportam os ovos). Em animais como o cão e o boi, o uso de produtos fosforados previnem a miíase por Dermatobia hominis, pois estes, entrando em contato com a pele tratada, acabam morrendo antes da penetração.


REFERÊNCIAS

NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.







ESCABIOSE


A escabiose causa reação inflamatória na pele, e é ocasionada por pequenos artrópodes da subclasse dos ácaros, denominados Sarcoptes scabiei (Linnaeus, 1758). É uma ectoparasitose contagiosa e recebe o nome popular de sarna. Historicamente, é muito comum entre a população e está relacionada com hábitos de higiene e com o convívio interpessoal de pessoas em ambientes coletivos (escolas, creches, asilos, transporte coletivo, entre outros). É cosmopolita, ocorrente em praticamente todos os climas e regiões do mundo.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

Existem diversas formas de Sarcoptes scabiei, cuja morfologia difere-se conforme o hospedeiro no qual se adaptaram. Sobre o ácaro causador da escabiose em humanos, os principais aspectos morfológicos são: corpo globoso, ovalar, mole e esbranquiçado, medindo cerca de 0,4 mm de comprimento. Pernas curtas e agrupadas em dois pares anteriores e dois pares afastados posteriormente, sem garras. Desprovido de espiráculos respiratórios, portanto, realiza respiração cutânea. Apresenta espinhos curtos e cutícula marcada por áreas com cerdas finas e flexíveis. (REY, 2010).


TRANSMISSÃO

A escabiose é transmitida pelo contato direto de pessoas não infectadas, com aqueles indivíduos contaminados com a sarna. Sarcoptes scabiei sobrevive por alguns dias exposto ao meio ambiente, por isso, a transmissão por contato com objetos utilizados por doentes de escabiose, também é válido. Isso inclui: roupas de cama, assentos e hospedagem em hospitais, hotéis, creches, etc. (REY, 2010).


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

Os Sarcoptes scabiei escavam galerias na epiderme do hospedeiro, e nesta região, as fêmeas depositam seus ovos, de cerca de 150 µm de comprimento, com formato elíptico ou ovoide. Cada fêmea põe cerca de três ovos diariamente, e de 40 a 50 ovos durante toda sua sobrevida, que dura até três meses. Fora do hospedeiro, a longevidade do Sarcoptes scabiei dura até 21 dias, dependendo das condições de temperatura e umidade.

Após o período de incubação, que dura entre 3 e 4 dias, os ovos eclodem, liberando uma larva hexápode, que pode ficar na galeria ou migrar para a crosta que se forma na superfície da epiderme do hospedeiro. Em ambos os casos, se alimentam e ao fim de 3 ou 4 dias, sofrem uma muda, passando para ninfa octópode. Após mais 3 ou 4 dias, novas mudas ocorrem, sendo que a fêmea demora mais para atingir a fase adulta, pois sofre duas mudas após a primeira, enquanto que o macho, sofre mais uma apenas. O ciclo completo, ou seja, ovo a ovo, até o surgimento de nova fêmea fecundada, leva cerca de 20 dias.  (NEVES, 2009).


SINTOMAS E PATOGENIA

Os locais mais atingidos pelos parasitos da escabiose são as regiões interdigitais, mãos, punhos, cotovelos, axilas, tornozelos e pés, além de poder se estender para a virilha, nádegas, região peitoral e costas. Nestes locais, notam-se trajetos escuros, devido à ação dos parasitos e seus produtos. Surgem pequenas pápulas no fim das galerias, onde se encontram os ácaros. (REY, 2010).

O sintoma marcante é o prurido, que ocorre principalmente à noite, quando o corpo está em temperatura favorável, e este prurido pode aumentar, tornando-se insuportável a ponto de agravar a situação ao produzir escoriações que servem de porta de entrada para infecções microbianas. Em crianças com escabiose, algumas vezes percebe-se o desenvolvimento da forma nodular, persistente por alguns meses, mesmo a criança estando curada da doença. Há também a sarna norueguesa, detectada em indivíduos com baixa imunidade ou hipersensíveis. Os parasitos são encontrados em grande quantidade, atacando principalmente as palmas das mãos e planta dos pés, podendo se alastrar para a cabeça e outras regiões, produzindo crostas salientes. (NEVES, 2009, p. 537; REY, 2010).


MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

Basicamente, a medida preventiva baseia-se nos bons hábitos de higiene pessoal e coletiva, que inclui:
·   não utilizar roupas íntimas ou roupas de cama de outras pessoas;
·   verificar as condições higiênicas de ambientes frequentados por muitas pessoas;
·   tratamento adequado aos indivíduos infectados, prevenindo a infestação da escabiose na família.


REFERÊNCIAS

NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.






TUNGÍASE

Denomina-se Tungíase a infestação por Tunga penetrans (Linnaeus, 1758), que é a menor pulga conhecida, sendo popularmente chamada de “pulga de areia” ou “bicho de pé”, que parasita a pele do hospedeiro após ser fecundada. Outros nomes populares que estes insetos recebem são: “pulga do porco” ou “bicho de porco”, pois parasitam suínos. São ectoparasitas preferencialmente de porcos, eventualmente de seres humanos e também podem ser encontrados parasitando cães, gatos, ratos e bovinos.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

A pulga pertence à ordem dos Sifonápteros, com características morfológicas importantes desta ordem: ausência de asas, estrutura bucal adaptada para picar e sugar, corpo achatado no sentido lateral e pernas adaptadas para o salto. Destacando a espécie causadora da tungíase, Tunga penetrans mede em média 1 mm de comprimento na fase adulta. Apresenta o corpo quitinoso e na cabeça, junto ao aparelho picador, uma ponta aguda usada para perfurar a pele do hospedeiro (mandíbulas largas e serrilhadas). Os segmentos torácicos são curtos. (REY, 2010).


É possível diferenciar o macho da fêmea através dos órgãos genitais: nos machos a extremidade posterior que possui o órgão copulador espiralado é voltada para cima, enquanto que nas fêmeas a extremidade posterior é arredondada, exibindo espermateca, de paredes quitinizadas e com função de reservatório de espermatozoides. (NEVES, 2009; REY, 2010).


TRANSMISSÃO

A infecção por Tunga penetrans ocorre quando a fêmea encontra-se fecundada, e penetra na pele do pé, principalmente na sola plantar, nos espaços interdigitais ou sob as unhas, em busca de um local para reprodução.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

O ciclo biológico das pulgas é composto pelas fases: ovo, larvas I, II e III, pupa e fase adulta. O macho e a fêmea (não fecundada) vivem em solo arenoso, em lugares quentes e secos, e são abundantes na zona rural, chiqueiros de porcos e ranchos.


Quando a fêmea é fecundada, penetra na pele do hospedeiro e enterra-se deixando para fora apenas a extremidade posterior, que contém a abertura genital, o ânus e os aparelhos respiratórios. Seu abdome começa a se distender pelo acúmulo de ovos, e ao fim de uma semana alcança o tamanho de um grão de ervilha (neosoma).


A fêmea começa então a expelir aproximadamente 100 ovos, e seu corpo murcho cai ou é expulso por inflamação da pele do parasitado, após uns 15 dias. Esses ovos, caindo no solo úmido e sombreado, eclodem e as larvas sofrem duas ecdises, passando a pupas que, após 17 dias, se tornarão adultas. (REY, 2010).


SINTOMAS E PATOGENIA

A sintomatologia da Tungíase é característica. Ocorre um ligeiro prurido na região onde a fêmea penetra: na sola plantar, nos espaços interdigitais ou sob as unhas dos pés. Pode ocorrer dor, e a reação inflamatória pode tornar o local da infecção tumefeito e doloroso. Um indivíduo pode ser parasitado por um único agente etiológico ou vários deles. Um agravante desta doença é a exposição da infecção das feridas abertas. Pode ocorrer veiculação mecânica do tétano, micoses e gangrena gasosa, além de deixar a pele exposta para entrada de outros agentes infectantes. (NEVES, 2009).


MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

A principal medida preventiva consiste em não andar descalço. Em zonas rurais, ao cuidar de chiqueiros e manipular esterco, utilizar luvas. Outras medidas preventivas importantes consistem em: realizar a pulverização de inseticidas específicos, manter os locais de criação de animais bem limpos e varridos, impedindo a sobrevivência de larvas e sobrevida das pulgas.


REFERÊNCIAS

NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.




PEDICULOSE

Denomina-se pediculose a infestação por piolhos da espécie Pediculus capitis (Linnaeus, 1758). É um inseto que pode habitar a cabeça do ser humano, causando uma coceira constante, com possíveis irritações. É uma infestação antiga, comum e de grande incidência no mundo todo. Ocorre principalmente em crianças e adolescentes, sobretudo em meninas, que usam cabelos compridos. Não está diretamente associada à falta de higiene e atinge todas as classes sociais.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

Os piolhos são artrópodes parasitos que, assim como os demais indivíduos de seu filo, possuem um exoesqueleto quitinoso, que lhes fornece um tegumento endurecido. Medem de 2 a 3,5 mm de comprimento, com cabeça pequena apresentando duas antenas, um par de olhos e aparelho bucal picador-sugador. No tórax há um par de espiráculos, onde se implantam as seis pernas, sendo que o tarso possui uma garra que forma a pinça, com a qual os piolhos se agarram aos fios de cabelo.


Estes insetos são desprovidos de asas, e o abdome apresenta nove segmentos. No último segmento do corpo da fêmea há dois lobos e entre eles, uma vulva. Nos machos, este último segmento possui um orifício por onde se projeta o pênis. (REY, 2010).

A cópula ocorre geralmente depois das primeiras dez horas de vida adulta do parasito. Após um dia, a fêmea põe seus ovos, também conhecidos como lêndeas, na base do fio de cabelo, e cada lêndea fica solidamente aderida, graças a uma substância cimentante produzida pelas fêmeas. Os ovos são de formato elíptico, com dimensões não superiores a 0,8 mm, de coloração branca e com um opérculo no polo livre, enquanto o outro polo está aderido ao fio de cabelo. (REY, 2010).


TRANSMISSÃO

A transmissão da pediculose ocorre por contato físico direto com as pessoas infestadas, ou por intermédio de fômites, na utilização de objetos de uso pessoal (bonés, prendedores de cabelo, roupas de cama e outros) e em ambientes fechados, como escolas, asilos e casas. Podem estar relacionados também alguns estímulos para que os piolhos mudem de hospedeiro: temperatura, umidade e odor. (NEVES, 2009).



CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

· O ciclo de vida dos piolhos é relativamente simples; compreende as fases: ovo, ninfa e adulto.  A partir das ninfas, já começam a alimentar-se de sangue;

· um ou dois dias após a cópula, a fêmea fecundada põe seus ovos junto à base dos fios de cabelo do indivíduo. Uma fêmea é capaz de pôr de 4 a 10 ovos diariamente, e esses ovos precisam de uma temperatura favorável para eclodir (cerca de 30ºC). Durante toda sua sobrevida, a fêmea de Pediculus capitis é capaz de pôr até 200 ovos;

· a ninfa deixa o ovo levantando o opérculo. Com metamorfose incompleta, já apresenta características de um inseto adulto, e inicia a hematofagia;

· dois a quatro dias depois, a ninfa sofre primeira muda, e durante três até quatro semanas completam-se três mudas para tornar-se um piolho adulto. Durante todo esse período, que demora aproximadamente 15 dias, a ninfa está se alimentando;

· os piolhos picam várias vezes ao dia, e enquanto sugam o sangue, eliminam suas fezes sobre a pele do indivíduo;

· os piolhos vivem por até 40 dias, e fora do couro cabeludo sobrevive por poucas horas.
(NEVES, 2009).


SINTOMAS E PATOGENIA

Esta parasitose é comumente sintomática: o indivíduo é acometido por um forte prurido na cabeça. Isso ocorre devido à secreção das glândulas salivares que, injetadas na pele do hospedeiro durante a picada do piolho, produzem lesão papulosa. Ao coçar o local, e arranhando-se, podem ocorrer escoriações na pele do couro cabeludo, seguidas de crostas e possíveis infecções por bactérias. Em altas infestações, um único indivíduo pode possuir em seu couro cabeludo até 1000 piolhos.

As lesões aparecem geralmente atrás da nuca, pois a temperatura neste local apresenta-se mais ideal para a fêmea pôr seus ovos.


A pediculose muitas vezes tem consequências psicológicas no infectado, principalmente no ambiente escolar: vergonha, isolamento, brincadeiras ofensivas, piadas, entre outros. (NEVES, 2009).
           


MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

O tratamento mais simples da pediculose consiste em rapar todo cabelo. Porém, tal medida pode ocasionar reações traumáticas em crianças, principalmente em meninas, que utilizam cabelo comprido;

- para evitar a infestação de piolhos, principalmente em ambientes de convívio próximo interpessoal, tais como: creches, asilos, orfanatos e escolas, é preciso evitar o contato físico com pessoas infectadas. Isso pode ser observado se a pessoa coçar muito a cabeça, ou apresentar lêndeas, que são visíveis a olho nu;

- não compartilhar o uso de roupas e outros objetos pessoais (bonés, presilhas, roupas de cama, escovas de cabelo, entre outras);

- tratamento dos infectados: lavar o cabelo com shampoos específicos e passar  pente fino junto a raiz do cabelo e, se for o caso de cabelos compridos, usá-lo preso. Realizar a catação manual de piolhos e o uso de pente fino periodicamente;

- observar se há ocorrência de piolhos em todos os membros da família do indivíduo e das pessoas que convivem com este;

- desenvolver programas de educação sanitária, orientando a população quanto à prevenção e tratamento da pediculose.



REFERÊNCIAS

NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.





LINK DE VÍDEOS

http://www.youtube.com/watch?v=cMv-HG4J4F8
Reportagem Fantástico (Rede Globo).


http://www.youtube.com/watch?v=RC3Y1gxGPN0
Reportagem programa Bem Estar (Rede Globo).