A denominação miíase
refere-se aos parasitismos causados por larvas de moscas em órgãos e tecidos
humanos ou de outros vertebrados. Existem algumas espécies causadoras dessas
parasitoses, entre elas, a larva da mosca Dermatobia
hominis (Linnaeus, 1718), um inseto exclusivamente neotropical, encontrado
em regiões florestais. No Brasil, ocorre em todos os estados, exceto nos de
clima seco, como a região nordeste.
A larva da mosca de Dermatobia hominis recebe o nome popular de berne, e causa um parasitismo cutâneo em vários vertebrados, como humanos, cães e bovinos, sendo estes últimos os mais afetados.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS
A mosca adulta de Dermatobia hominis, mosca berneira, mede em média 1,2 cm de comprimento, apresenta corpo robusto, com coloração da face amarelada, o tórax castanho com reflexos azulados, abdome azul metálico, pernas alaranjadas e asas grandes e amarronzadas.
Um aspecto interessante desses insetos compreende a fase adulta: eles não se alimentam, e tem sobrevida curta, de
Os ovos são alongados, com formato de bananas em uma penca, medindo cerca de
A extremidade oral possui ganchos bucais, e no corpo há numerosos espinhos, utilizados para fixação nos tecidos do hospedeiro. (REY, 2010).
TRANSMISSÃO
O berne é transmitido por moscas ou mosquitos, geralmente insetos hematófagos, insetos foréticos que servem de transporte dos ovos, os quais possuem as larvas no interior, e foram depositados em seu abdome pela mosca fêmea de Dermatobia hominis. O berne na sua fase minúscula pode penetrar na pele quando este mosquito ataca o vertebrado em busca de alimento.
CICLO BIOLÓGICO E HABITAT
O ciclo de vida das moscas compreende as fases: ovo, larva, pupa e fase adulta.
Na desova da mosca Dermatobia hominis, as fêmeas ficam em locais protegidos, à espera de outras moscas ou mosquitos hematófagos, e no momento oportuno, se agarram em pleno voo, depositando de 10 a 15 ovos no abdome deste inseto capturado. No total, entre 400 a 800 ovos são produzidos durante a sobrevida adulta de Dermatobia hominis, que dura de
A larva no interior do ovo sobrevive por até 20 dias, tentando agarrar-se nos pelos ou na pele do hospedeiro. Conseguindo este feito, penetra na pele do novo hospedeiro, perfurando o epitélio ou utilizando a lesão ocasionada pela hematofagia do inseto vetor. Com a extremidade anterior mergulhada na derme, a larva alimenta-se ativamente, e sofre duas mudas. Esta fase larvária dura de
SINTOMAS E PATOGENIA
Pode ocorrer sensação de picada ou prurido, pela penetração da larva na pele. Pela própria reação da resposta imunológica, desenvolve-se nesta região uma inflamação, ficando a pele avermelhada e elevada. Nas paredes da lesão forma-se uma cápsula fibrosa. O berne tem preferência pela região dorsal do hospedeiro. Durante a afecção, pode ocorrer dor aguda, devido à ferroada e movimentos da larva.
Com o estágio larvário completado, o berne tende a sair da pele do hospedeiro, deixando um local exposto para entrada de bactérias e micro-organismos, incluindo bacilos de tétano. Neste local podem se desenvolver furúnculos ou flegmão. (REY, 2010).
MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)
Para prevenir a contaminação por moscas de Dermatobia hominis é preciso evitar exposição ao habitat dessas moscas, ou seja, regiões florestais, de capoeiras, pequenas matas e bosques. Uso de repelente também é indicado, evitando a picada de insetos foréticos (que transportam os ovos). Em animais como o cão e o boi, o uso de produtos fosforados previnem a miíase por Dermatobia hominis, pois estes, entrando em contato com a pele tratada, acabam morrendo antes da penetração.
REFERÊNCIAS
NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário