domingo, 26 de maio de 2013

PEDICULOSE

Denomina-se pediculose a infestação por piolhos da espécie Pediculus capitis (Linnaeus, 1758). É um inseto que pode habitar a cabeça do ser humano, causando uma coceira constante, com possíveis irritações. É uma infestação antiga, comum e de grande incidência no mundo todo. Ocorre principalmente em crianças e adolescentes, sobretudo em meninas, que usam cabelos compridos. Não está diretamente associada à falta de higiene e atinge todas as classes sociais.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS

Os piolhos são artrópodes parasitos que, assim como os demais indivíduos de seu filo, possuem um exoesqueleto quitinoso, que lhes fornece um tegumento endurecido. Medem de 2 a 3,5 mm de comprimento, com cabeça pequena apresentando duas antenas, um par de olhos e aparelho bucal picador-sugador. No tórax há um par de espiráculos, onde se implantam as seis pernas, sendo que o tarso possui uma garra que forma a pinça, com a qual os piolhos se agarram aos fios de cabelo.


Estes insetos são desprovidos de asas, e o abdome apresenta nove segmentos. No último segmento do corpo da fêmea há dois lobos e entre eles, uma vulva. Nos machos, este último segmento possui um orifício por onde se projeta o pênis. (REY, 2010).

A cópula ocorre geralmente depois das primeiras dez horas de vida adulta do parasito. Após um dia, a fêmea põe seus ovos, também conhecidos como lêndeas, na base do fio de cabelo, e cada lêndea fica solidamente aderida, graças a uma substância cimentante produzida pelas fêmeas. Os ovos são de formato elíptico, com dimensões não superiores a 0,8 mm, de coloração branca e com um opérculo no polo livre, enquanto o outro polo está aderido ao fio de cabelo. (REY, 2010).


TRANSMISSÃO

A transmissão da pediculose ocorre por contato físico direto com as pessoas infestadas, ou por intermédio de fômites, na utilização de objetos de uso pessoal (bonés, prendedores de cabelo, roupas de cama e outros) e em ambientes fechados, como escolas, asilos e casas. Podem estar relacionados também alguns estímulos para que os piolhos mudem de hospedeiro: temperatura, umidade e odor. (NEVES, 2009).



CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

· O ciclo de vida dos piolhos é relativamente simples; compreende as fases: ovo, ninfa e adulto.  A partir das ninfas, já começam a alimentar-se de sangue;

· um ou dois dias após a cópula, a fêmea fecundada põe seus ovos junto à base dos fios de cabelo do indivíduo. Uma fêmea é capaz de pôr de 4 a 10 ovos diariamente, e esses ovos precisam de uma temperatura favorável para eclodir (cerca de 30ºC). Durante toda sua sobrevida, a fêmea de Pediculus capitis é capaz de pôr até 200 ovos;

· a ninfa deixa o ovo levantando o opérculo. Com metamorfose incompleta, já apresenta características de um inseto adulto, e inicia a hematofagia;

· dois a quatro dias depois, a ninfa sofre primeira muda, e durante três até quatro semanas completam-se três mudas para tornar-se um piolho adulto. Durante todo esse período, que demora aproximadamente 15 dias, a ninfa está se alimentando;

· os piolhos picam várias vezes ao dia, e enquanto sugam o sangue, eliminam suas fezes sobre a pele do indivíduo;

· os piolhos vivem por até 40 dias, e fora do couro cabeludo sobrevive por poucas horas.
(NEVES, 2009).


SINTOMAS E PATOGENIA

Esta parasitose é comumente sintomática: o indivíduo é acometido por um forte prurido na cabeça. Isso ocorre devido à secreção das glândulas salivares que, injetadas na pele do hospedeiro durante a picada do piolho, produzem lesão papulosa. Ao coçar o local, e arranhando-se, podem ocorrer escoriações na pele do couro cabeludo, seguidas de crostas e possíveis infecções por bactérias. Em altas infestações, um único indivíduo pode possuir em seu couro cabeludo até 1000 piolhos.

As lesões aparecem geralmente atrás da nuca, pois a temperatura neste local apresenta-se mais ideal para a fêmea pôr seus ovos.


A pediculose muitas vezes tem consequências psicológicas no infectado, principalmente no ambiente escolar: vergonha, isolamento, brincadeiras ofensivas, piadas, entre outros. (NEVES, 2009).
           


MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

O tratamento mais simples da pediculose consiste em rapar todo cabelo. Porém, tal medida pode ocasionar reações traumáticas em crianças, principalmente em meninas, que utilizam cabelo comprido;

- para evitar a infestação de piolhos, principalmente em ambientes de convívio próximo interpessoal, tais como: creches, asilos, orfanatos e escolas, é preciso evitar o contato físico com pessoas infectadas. Isso pode ser observado se a pessoa coçar muito a cabeça, ou apresentar lêndeas, que são visíveis a olho nu;

- não compartilhar o uso de roupas e outros objetos pessoais (bonés, presilhas, roupas de cama, escovas de cabelo, entre outras);

- tratamento dos infectados: lavar o cabelo com shampoos específicos e passar  pente fino junto a raiz do cabelo e, se for o caso de cabelos compridos, usá-lo preso. Realizar a catação manual de piolhos e o uso de pente fino periodicamente;

- observar se há ocorrência de piolhos em todos os membros da família do indivíduo e das pessoas que convivem com este;

- desenvolver programas de educação sanitária, orientando a população quanto à prevenção e tratamento da pediculose.



REFERÊNCIAS

NEVES, D. P. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.





LINK DE VÍDEOS

http://www.youtube.com/watch?v=cMv-HG4J4F8
Reportagem Fantástico (Rede Globo).


http://www.youtube.com/watch?v=RC3Y1gxGPN0
Reportagem programa Bem Estar (Rede Globo).

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