ASCARIDÍASE
A Ascaridíase é também chamada de Ascaríase, Ascaridiose ou Ascaridose. O agente causador é um helminto nematoide intestinal, o Ascaris lumbricoides (Linnaeus, 1758) popularmente denominado bicha ou lombriga. Habita o intestino delgado do hospedeiro.
A Ascaridíase apresenta distribuição mundial, principalmente em regiões de clima tropical e temperado. Prevalece em crianças e adolescentes, e onde as condições sanitárias são precárias. No Brasil estima-se que a Ascaridíase esteja entre as mais frequentes das enteroparasitoses. Quanto à infecção, geralmente é assintomática, mas pode evoluir a quadros clínicos graves e de natureza obstrutiva.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS
Os áscaris são vermes de corpo cilíndrico e longo, de coloração amarelada e rosada quando recém-emitidos. As fêmeas são maiores que os machos, e também mais grossas, medindo entre 25 e
A. lumbricoides: macho e fêmea |
Áscaris adulto -macho (enrolamento ventral e espiralado na cauda) |
Vermes adultos de Ascaris lumbricoides: fêmea e macho. Fonte: http://www.parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/fotografias/adultos-alumbricoides/ |
Verme adulto fêmea de Ascaris lumbricoides. Fonte: http://www.parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/fotografias/adultos-alumbricoides/ |
Os ovos medem em média 60 x 45 µm e são ovais ligeiramente esféricos. Possuem três camadas: a primeira, a mais interna, é impermeável, vitelínica; a camada média é mais espessa, lipídica, quitinosa e lisa; a terceira camada, a mais externa, é proteica, pegajosa, constituída por mucopolissacarídeos e secretada pela parede uterina do verme, com coloração marrom devido a pigmentos fecais. Os ovos são resistentes e sobrevivem no meio externo de seis meses até dois anos, inclusive em temperaturas baixas, na presença de oxigênio. Em solos argilosos e úmidos, a sobrevivência pode se estender por seis anos, e podem ser dispersos pelo vento, pela chuva e por vetores mecânicos. (GRYSCHEK; LESCANO, 2008; REY, 2010).
Ovo fértil de Ascaris lumbricoides com membrana mamilonada (400X). |
TRANSMISSÃO
Os ovos de áscaris são eliminados junto com as fezes. Se caírem em solo úmido e sombreado, com temperatura entre 15 e 35ºC, em duas a oito semanas forma-se (dentro do ovo, por processo de embrionamento) a larva L3, que é a forma infectante, a qual permanece no interior do ovo até o mesmo ser ingerido. A transmissão se dá pela contaminação via oral desses ovos embrionados. (GRYSCHEK; LESCANO, 2008).
CICLO BIOLÓGICO E
HABITAT
· Inicia-se pela ingestão de ovos embrionados
(L3), que eclodem no intestino delgado do hospedeiro humano;
· as larvas atravessam a parede intestinal,
atingem um capilar sanguíneo ou linfático e migram via sistema porta para o
fígado, chegando ao coração;
· as larvas são levadas para os pulmões,
realizando ciclo pulmonar entre 4
a 5 dias após a infecção, e continuam evoluindo por meio
de muda ou ecdise. Passam para L4, as quais atravessam a parede que separa os
capilares das cavidades alveolares, e nos alvéolos evoluem para L5;
· arrastadas com o muco devido aos movimentos
ciliares da mucosa, as larvas L5 atingem os bronquíolos, sobem pela traqueia e
laringe, são deglutidas e chegam ao estômago e intestino;
· após 15 dias da ingestão dos ovos, as larvas
tornam-se adultos jovens com aproximadamente 6 mm , e continuam crescendo;
· o desenvolvimento sexual se completa em cerca
de dois meses (macho ou fêmea);
· passados 65 dias da infecção, as fêmeas de
áscaris tornam-se capazes de eliminar entre 200 mil a 240 mil ovos diariamente
durante sua sobrevida, que é de cerca de um ano.
(GRYSCHEK; LESCANO, 2008; REY, 2010).
SINTOMAS E PATOGENIA
A Ascaridíase é geralmente assintomática. Quando
sintomática, é devido à patogenia causada durante a migração larvária e quando
os vermes adultos já estão em seu habitat definitivo.
Em indivíduos onde a
infecção é acentuada, a migração de larvas poderá causar focos hemorrágicos,
necrose, reação inflamatória, aumento de volume do fígado, síndrome de Loeffler
nos pulmões (caracterizada por tosse, dispnéia, febre e eosinofilia sanguínea),
bronquite e em alguns casos até lesões pulmonares graves e fatais.
Na infecção intestinal a
presença de vermes adultos ocasiona sintomatologia variada, podendo ser
inexistente ou sintomática, e neste caso, há quadros de anorexia, dor
abdominal, cólicas, náuseas, vômitos e diarreia.
Quando os vermes adultos migram do habitat
para outros locais ectópicos ou erráticos do organismo (como vias biliares,
canal pancreático) podem causar obstrução e oclusão, pelo chamado “bolo de
áscaris” decorrente do enovelamento dos parasitos. Pode ainda ocorrer
perfuração intestinal.
Em geral, o parasitado descobre
ocasionalmente a doença, quando faz um exame clínico ou quando elimina naturalmente
os vermes adultos via anal, oral ou pelo nariz, o que pode ocorrer em casos de
grande infecção ou quando os vermes são irritados por medicamentos impróprios, em
dosagem inadequada e movimentos antiperistálticos e vômitos. (GRYSCHEK; LESCANO,
2008; REY, 2010).
MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)
· Melhoria do saneamento básico, envolvendo
tratamento de água e esgoto;
· educação sanitária (utilizar água tratada, fervida
ou filtrada para ingestão e para preparo de alimentos; lavar as mãos antes das
refeições e sempre que usar o banheiro);
· tratamento dos indivíduos parasitados.
REFERÊNCIAS
GRYSCHEK, R. C. B.;
LESCANO, S. A. Z. Ascaridíase. In: AMATO NETO, V. A. et al. Parasitologia: uma abordagem clínica.
Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2008. cap.
34. p. 240-243.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio
de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário