domingo, 26 de maio de 2013

TRICURÍASE


Também denominada de Tricurose e Tricocefalose, a Tricuríase é causada pelo helminto nematoide Trichuris trichiura (Owen, 1835). Apresenta distribuição geográfica cosmopolita, de ocorrência paralela à de ascaridíase, pois o modo de transmissão é o mesmo, assim como a fertilidade do helminto e a resistência dos ovos postos pelas fêmeas. Esta infecção também está associada a hábitos de vida, higiene pessoal e condições sanitárias.


ASPECTOS MORFOLÓGICOS


O verme é também chamado de tricocéfalo, devido a sua semelhança com um fio de cabelo na extremidade anterior do corpo ou ainda “verme chicote”, pois a porção delgada anterior é mais longa e fina que a posterior, assemelhando-se a um chicote Possui dimorfismo sexual, é branco e mede de 3 a 5 cm de comprimento, sendo que a fêmea é um pouco maior que o macho.  Na região anterior está a boca, provida de um estilete e sem lábios, e um esôfago longo e delgado. Na extremidade posterior, que é a mais grossa, estão o intestino, o reto e os órgãos genitais. A fêmea possui um ovário e um útero, seguido de oviduto e vagina. Já o macho possui testículo, canal deferente e um canal ejaculador, que termina com espículo na curvatura ventral. (REY, 2010).


Aspectos morfológicos de Trichuris trichiura. Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/tricuriase/
SENDO: 
(A) Fêmea com extremidade superior reta;
(B) Macho com extremidade posterior recurvada;
(C) Ovo típico com dois tampões polares hialinos e uma massa de células;
a) Orifício retal;
b) Útero;
c) Ovário;
d) Aparelho reprodutor feminino;
e) Faringe filiforme (nos dois sexos);
f) Canal deferente;
g) Espículo;
h) Cloaca;
i) Testículo


Fêmea de Trichuris trichiura. Fonte: http://fcfrp.usp.br/dactb/Parasitologia/Arquivos/Genero_Trichuris_arquivos/image018.jpg

Macho de Trichuris trichiura. Fonte: http://fcfrp.usp.br/dactb/Parasitologia/Arquivos/Genero_Trichuris_arquivos/image020.jpg


Os ovos possuem coloração marrom, com tamanho que varia de 50 a 55 µm de comprimento por 22 µm de largura. Tem forma de um barril, sua casca é formada por três camadas: a mais interna é vitelínica, a intermediária é de estrutura quitinosa e a externa, de estrutura lipídica, é espessa e apresenta dois tampões mucosos salientes em suas extremidades. (REY, 2010).



Ovo de Trichuris trichiura (aumento de 40x). Fonte: http://www.parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/fotografias/ovos-ttrichiura/


TRANSMISSÃO

Os ovos de T. trichiura são eliminados junto com a matéria fecal. Microscópicos, resistem longo período no meio externo, cerca de um ano, em locais úmidos e sombreados. Em temperatura de 15 a 35ºC, em aproximadamente 15 dias ocorre o processo de embrionamento e forma-se a larva L3, infectante, permanecendo dentro do ovo até o mesmo ser ingerido. A transmissão se dá pela contaminação via oral desses ovos embrionados.


CICLO BIOLÓGICO E HABITAT

·  Após ingestão dos ovos, a casca amolece devido à ação dos sucos gástrico e pancreático e as larvas L3 são liberadas e vão para o intestino delgado do hospedeiro;

·  após dez dias, e passando pelos estádios L4 e L5, as larvas migram do intestino delgado para o intestino grosso, fixam-se à mucosa mantendo mergulhados a boca e o longo esôfago, deixando na luz intestinal a parte posterior do corpo;

·  passados 2 a 3 meses da ocorrência da infecção, e após a cópula, as fêmeas eliminam entre 3 mil a 20 mil ovos diariamente. Aparecem ovos nas fezes do hospedeiro, as quais podem contaminar o solo, reiniciando o ciclo biológico.
(NEVES, 2009; REY, 2010).

Ciclo biológico - Tricuríase. Fonte: http://www.dpd.cdc.gov/DPDx/HTML/Image_Library.htm



SINTOMAS E PATOGENIA

Grande parte das infecções são assintomáticas. Lesões traumáticas causadas pelos vermes são mínimas, podendo ocorrer resposta inflamatória na mucosa do intestino grosso, devido ao longo tempo de sobrevida dos vermes: 5 a 7 anos. Em crianças e adolescentes a infecção é mais comum, assim como o observado com a ascaridíase, pois acredita-se que nesta idade a exposição ao ambiente é maior, e também a imunidade não está totalmente estruturada. O quadro clínico sintomático apresenta nervosismo, insônia, perda de apetite e de peso, eosinofilia sanguínea, diarreia e dor abdominal. Infecções graves ocasionam uma diarreia intensa, com muco e sangue. (LESCANO; SANTO; GRYSCHEK, 2008).



MEDIDAS PREVENTIVAS (PROFILAXIA)

Lavar as mãos frequentemente, sempre que usar o banheiro; lavar frutas e verduras cruas antes de consumi-las; combate aos vetores (moscas, baratas); melhoria do saneamento básico, envolvendo tratamento de água e esgoto; consumo de água tratada, filtrada ou fervida.



REFERÊNCIAS


LESCANO, S. A. V.; SANTO, M. C. C. E.; GRYSCHEK, R. C. B. Tricuríase. In: AMATO NETO, V. A. et al. Parasitologia: uma abordagem clínica. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2008.  cap. 36. p. 259-265.


NEVES, David Pereira. Parasitologia Dinâmica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.


REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010.




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